quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Augusto Boal

TEATRO DO OPRIMIDO

"Uma Cultura plural, que tenha a cara do nosso país mestiço e cafuzo, mameluco, zambo e cariboca"

Moral refere-se ao passado que sobrevive no presente. Ética, do grego ethos — segundo Aristóteles em sua Poética, tendência de perfeição ou, para ela, o caminho — refere-se ao presente que se projeta no futuro.

Não queremos o Brasil como foi nem como é, mas como queremos que seja? Queremos que todos os brasileiros sejam plenos cidadãos, e não se pode ser pleno sem os fundamentos da Educação, sem as audácias criativas da Pedagogia, sem uma Cultura plural que tenha a cara do nosso país mestiço e cafuzo, mameluco, zambo e cariboca — filhos de gente branca, negra, índia: europeus, africanos, aborígenes.

Não somos imorais nem amorais, somos anti-morais naquilo que a Moral do Dia impede o florescer de uma Ética da Solidariedade.

A Terceira Guerra Mundial já começou: essa guerra subliminal não se manifesta apenas em formas espetaculares e teatrais, com invasões e genocídios exibidos pela TV e pelos jornais, mas também através desses meios autoritários de comunicação.

Só poderemos nos defender dessa Invasão dos Cérebros usando armas de igual poder, com sinal trocado. Temos que criar condições materiais para que a população possa desenvolver a sua própria Cultura e criatividade, e deixar de ser vítima passiva da Comunicação. Em junho de 2007, 80% dos cinemas brasileiros estavam ocupados por filmes tipo homens-aranhas, homens-carrapatos, super-homens e mulheres-maravilhas, todos bem armados explodindo bombas e disparando rajadas de metralhadoras: lixo cinematográfico.

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